Nelson Leirner

Fraque (1973), série Roupas, tecido, metal e plástico, 176 x 150 x 3 cm, Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.

Nelson Leirner nasceu em 1932, em São Paulo, filho de imigrantes judeus da Polônia. Seus pais, a escultora Felícia Leirner (1904-1996) e o empresário têxtil, mecenas e colecionador Isaí Lerner (1903-1962), eram muito atuantes no cenário das artes e ajudaram a fundar o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

O artista iniciou seus estudos de engenharia têxtil no Lowell Technological Institute, em Massachusetts (Estados Unidos), sem concluí-los. De volta ao Brasil, em 1956, começou a estudar com o pintor catalão Juan Ponç (1927-1984). Em 1958, freqüentou o Atelier-abstração de Samson Flexor (1907-1971), quando passou a ter contato com a vanguarda artística brasileira.

Em 1964, realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Em 1965, expôs com Geraldo de Barros em São Paulo. Com os artistas Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Frederico Nasser, Carlos Fajardo e José Resende, fundou o Grupo Rex em 1966. O grupo promovia happenings e criou um local de exposições, a Rex Gallery & Sons, além do periódico “Rex Time”, como alternativa às galerias, museus e publicações existentes.

No final da década de 1960, Leirner realizou a série “Homenagem a Fontana”, um dos primeiros múltiplos do Brasil. As obras foram produzidas industrialmente com lonas coloridas superpostas e zíperes, que, ao serem abertos, descobrem detalhes de um outro colorido. Esta série foi premiada na bienal de Tóquio, em 1967. O MAM Rio tem dois exemplares da série: um que foi danificado no gravíssimo incêndio do museu em 1978 e outro doado posteriormente pelo artista [saiba mais na página Homenagem a Fontana].

Homenagem a Fontana, 1967, tecido e zíper, 181 x 126 x 3 cm.
Doação do artista. Coleção MAM Rio. Foto: Jaime Acioli

Homenagem a Fontana, 1967/2013, tecido e zíper, 183 x 127 x 3,3 cm. Coleção MAM Rio. Réplica feita pelo artista com apoio do Edital Pró-Artes Visuais, 2012. Foto: Jaime Acioli

Em 1967, sua obra “Porco Empalhado” (1966) participou do 4º Salão de Arte Moderna de Brasília. O trabalho, um porco empalhado com um presunto acorrentado ao pescoço, foi aceito pela organização e o artista interpelou o júri exigindo os critérios usados para aceitar aquilo como obra de arte. Também em 1967, o artista participou da mostra “Nova Objetividade Brasileira”, no MAM Rio. Com o Grupo Rex, realizou ainda a “Exposição-Não-Exposição”, happening de encerramento de suas atividades, em as obras de Leirner foram oferecidas gratuitamente ao público.

Pela série de gravuras “A rebelião dos animais”, uma ácida crítica ao regime militar, Nelson Leirner ganhou em 1974 o prêmio de melhor proposta do ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Em 1969, voltou a expor no MAM Rio. Entre 1975 e 1996, foi professor na Fundação Armando Álvares Penteado. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde coordenou o curso de arte da Escola de Artes Visuais do Parque Lage até 1998. Participou da 27ª (2006) e 29ª (2011) Bienal de São Paulo.

Luar (1962), óleo sobre portão de madeira, 30,7 x 39 cm/ 44,8 x 52,5 x 5,3 cm. Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Doação Múcio Leão.

Pôr-do-sol (1962), óleo sobre portão de madeira, 126,5 x 126,7 / 130,3 x131,3 x 6 cm, Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Atire se puder (2001), resina plástica e acrílico, 13 x 475 x 20 cm,  Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.  

Sem título, 1971, série Múltiplo ao cubo, vidro, 15 x 15 x 15 cm, Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio.

O artista continuou muito atuante no cenário artístico brasileiro, com obras em museus, galerias e coleções particulares, até sua morte, em 7 de março de 2020, aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

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Conheça detalhes da obra “Homenagem a Fontana”, de Nelson Leirner.

Entrevista de Nelson Leirner sobre seu trabalho, a arte povera e seu sentimento de “derrota” ao expor em uma galeria comercial, em 2015.



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